Com a devida autorização do autor, publico o texto do autocaravanista Henrique Fernandes, Presidente da Assembleia Geral do
e publicado no Fórum do Portal Campincar.
Um texto de uma pessoa sábia e sensata, que melhor tem interpretado o autocaravanismo, como modalidade turística itinerrante no nosso pais, ao qual dedica muito do seu tempo livre .
Companheiros:
Antes de mais, endosso a todos as mais gardingas saudações autocaravanistas.
Terão alguns de vós reparado que me abstive de intervir neste fórum de há um tempo a esta parte. Essa ausência não significou a existência de uma desmotivação em relação à causa autocaravanista, como adiante perceberão, nem um menor respeito pelas persistentes intervenções e esforços dos companheiros.
Essa espécie de “licença sabática” destinou-se, sobretudo, a participar, juntamente com muitos autocaravanistas, de outros clubes e exteriores a eles, no imenso trabalho a montante da formação da FPA-Federação Portuguesa de Autocaravanismo.
Tínhamos consciência do “impacto” que o surgimento da FPA teria em certas pessoas. Infelizmente nada podemos fazer, por muita boa vontade que detenhamos, para aliviar as “angústias” de tal gente. A estratégia algo “secretista” ao redor da constituição da FPA e da sua imediata acção subsequente foi deliberada e intencional, pelo menos pela parte que me toca. De facto, bastará atentar em algumas (felizmente poucas) intervenções deste tópico para compreender porque é que, como se diz em bom português, “ninguém gosta de levar pancada antes sequer de entrar no ringue”…
Oportunamente a direcção da FPA dirá publicamente o que tiver por conveniente acerca da sua estratégia e plano de acção. Será a direcção da FPA, e não eu, ou o CGA, ou qualquer outro companheiro, filiado ou não em clubes exteriores ou interiores à FPA, a poder ou querer determinar, em seu nome, a conveniência da agenda, do tema ou do método de divulgação.
A mim, enquanto autocaravanista, bastam-me as informações que pela via institucional me vão chegando, acerca das orientações e estratégias da FPA e dos clubes que a integram. De facto, a FPA apenas responde perante os seus sócios (os clubes) e, por esta via, perante os respectivos membros, por muito respeito que seja devido a todos os outros autocaravanistas não filiados.
Reportando-me às intervenções dos vários companheiros aqui expostas, permitam-me que manifeste a minha opinião pessoal, positiva em relação à maioria delas.
Mas reparei que se falou aqui muito mais de outros assuntos do que, propriamente, da FPA. E, pasme-se, reparei também que quando se falou da FPA, houve até pessoas que, não sendo membros de nenhum dos clubes que a integram, demonstraram sentir-se no direito de opinar sobre a forma como deveria ter sido constituída a FPA, como tal deveria ter sido publicitado, sobre os timings das divulgações que em sua opinião deveriam ter ocorrido, etc, etc, etc.
É um pouco como se eu, não sócio, viesse agora para aqui botar faladura acerca do que deveria fazer o CPA, ou o CFC, ou a FPCM, ou sobre a sua legitimidade ou representatividade, sendo todas elas entidades a quem devo o maior respeito e consideração.
Bom, é exactamente por o universo autocaravanista estar invadido por pessoas com este tipo de mentalidade algo “desconstrutiva” que teve de surgir a FPA. E por aqui me quedo, pois acredito que não faltará quem goste de regar a pólvora com gasolina. Para bom entendedor meia palavra basta …
Tenho consciência das dificuldades que enfrentamos. Quando, conjuntamente com outros companheiros decidimos dar este salto, fizemo-lo por não vislumbrarmos esperança nos modelos até aí existentes, amarrados por força de um tempo que parou ao que designaria de “universo campista”.
Admito que exista espaço para a manutenção, em certo grau, desse modelo mais antigo, que muito respeito pelo direito que concedo às opções de cada um em relação à forma como deseja praticar o “seu” autocaravanismo. Mas amigo não empata amigo, e como os tempos mudam sempre teria que surgir uma FPA.
Todos os companheiros que se sintam motivados a participar nesta nova aventura podem, em minha opinião, fazê-lo de várias maneiras: intervindo publicamente de forma sóbria e educada em prol da causa, integrando os clubes que constituíram a FPA, ajudando a constituir novos clubes nas suas áreas de residência, “pressionando” (no bom sentido, claro, e sempre com respeito pelos seus legítimos estatutos) os clubes já existentes a adaptarem-se à nova realidade e, eventualmente, a integrarem, também eles, a FPA, etc, etc, etc.
Podem até, querendo, decidir nada fazer, direito que também lhes reconheço. Mas pelo menos não empatem quem estiver disposto a fazer alguma coisa por todos nós.
A única certeza que tenho neste momento é que a FPA vai cometer muitos erros. Reconheço, com humildade, que não detemos as elevadíssimas qualidades estratégicas e gestionárias aparentemente detidas por apenas alguns eleitos. Por isso deixo aqui um apelo a todos os que se considerem tão humildes como nós: contribuam, neste fórum ou noutros, com críticas inteligentes e construtivas, para a modulação das nossas ideias, intervenções e objectivos.
A qualidade e inteligência de algumas das intervenções neste tópico concede-me a esperança de que muitos dos companheiros saberão distinguir o trigo do joio e fazer a diferença, colaborando. Digo isto porque, de facto, a inteligência se afere, à partida, pela quantidade de incertezas que alguém é capaz de suportar.
E mais não digo.